BRASIL: O GOLPE MILITAR DE 1964
Como
já vimos anteriormente, o governo de João Goulart era frágil, pois não contava
com o apoio das elites e nem da confiança das massas populares. O momento
histórico também não era dos mais favoráveis, pois com a CIA infiltrada em
todos os governos da América Latina, faltava liberdade de ação.
É
neste contexto, que após o Ato Político de 13/03, na Central do Brasil, aonde o
presidente afirmava o compromisso com as reformas de base, e a resposta da ala
conservadora com a Marcha com Deus pela Família, Jango é derrubado pelos
militares com claro apoio da CIA, em 31 de março de 1964, as tropas do I
Exército em MG, organiza e entra no Rio de Janeiro, para depor o presidente. O
III Exército no RS, tenta reação, mas o presidente deixa o cargo para que não
ocorra uma guerra civil no país.
A
Ditadura Envergonhada 1964-1967
Logo
após o Golpe, a Constituição é ignorada e o país passa a ser governado por Atos
Institucionais, os Ais.
1964:
é editado o AI nº1, fecha o Congresso,
cassa os direitos políticos de JK, Jânio Quadros, todos os senadores e
deputados e João Goulart é exilado no Uruguai. Fecha grêmios estudantis,
organizações camponesas e sindicatos.
em abril o Congresso escolhe por eleição
indireta, o general Castelo Branco para
presidente do país. Já está instituída prisões arbitrárias, tortura e censura
aos meios de comunicação.
1965: são realizadas eleições para
governadores, a oposição ganha em quase todos os estados elegendo a maioria dos
cargos. O governo reage editando o AI nº 2, que acabava com os partidos
políticos, criando o bipartidarismo: MDB (Movimento Democrático Brasileiro –
oposição) e a ARENA ( Aliança Renovadora Nacional – situação). Na prática são
os partidos do sim, senhor e sim, sim, senhor.
1966: o grupo de militares denominados “linha
dura”, ganham mais espaço quando é editado o AI nº 3, que estabelece as
eleições indiretas para presidente da república, governadores de estado e
prefeitos. Castelo Branco endurece ainda mais ao editar o AI nº 4, que
promulgou a Lei de Imprensa, a censura prévia e cria a Lei de Segurança
Nacional, aonde caí o hábeas Corpus e qualquer pessoa poderia ser presa para
“averiguações”.
1967:
O Congresso é reaberto para que fosse promulgada a Constituição, neste ano novo
presidente é escolhido, desta vez a “linha dura” chegava ao poder na figura de
Costa e Silva. A oposição ao regime militar crescia, até mesmo antigos
apoiadores do golpe em 64, passaram a criticar o regime autoritário dos
militares, é criada a Frente Ampla que reúne todo tipo de gente, até mesmo
Carlos Lacerda que tinha apoiado o golpe.
A
Ditadura Escancarada: 1968-1977
O ano
de 1968, é marcado por vários acontecimentos pelo mundo a fora, a esquerda
vinha crescendo em muitos países.
Na
França: o Partido Comunista Francês, numa aliança estudante-operário-camponês,
marcaram presença por quase dois meses em Paris, com atritos severos entre os
manifestantes e as forças aliadas de De Gaulle. Foi o famoso maio de 68 em
Paris.
Na
techeslováquia, a juventude se opunha à força bruta do Partido Comunista Russo,
que impedia avanços na liberdade do país.
No
Vietnã, a batalha de Tiev era ganha pelos vitecongues, mostrando que a
supremacia americana não era nada, perto da criatividade e determinação de um
povo.
Nos
EUA, a guerra com o Vietnã, levava inúmeras passeatas quase que diárias contra
a guerra. Os Panteras Negras, grupo marxista que lutava pelo fim da segregação
racial, cresce cada dia. Martin Luter king, líder negro pacifista e Robert
Kennedy, senador branco são assassinados pelos agentes da Cia. King por ser
negro e liderar a campanha pelo fim da segregação e Kennedy por apoiá-lo.
As
mulheres do mundo inteiro lutam por igualdade social, profissional e liberdade
de expressão e escolha. Esse foi um ano que marcou muitas mudanças.
No
Brasil, a resistência ao regime militar crescia de forma assustadora. Em março,
estudantes protestam pela melhoria da comida servida no restaurante calabouço,
bandejão da UFRJ, a polícia invade o local e o estudante secundarista, Edson
Luis é morto. O enterro do rapaz foi acompanhado por mais de 50 mil pessoas. No
dia da missa de 7º dia, a polícia invade a Igreja da Candelária, prendendo e
batendo em todos que lá estavam.
Em
junho, acontece a Passeata dos Cem Mil, com a presença de líderes políticos,
intelectuais e artistas. O Rio de Janeiro estava neste movimento.
Em
outubro, desafiando a ditadura a UNE (União Nacional dos Estudantes), proibida
desde 64, organizou o seu 30º Congresso em Ibiúna (SP), em MG e SP, os
trabalhadores fizeram uma grande greve com a participação de 25 mil operários.
O Brasil se levantava contra o Golpe.
Diante
de tanta organização , Costa e Silva edita o pior dos Ais, o AI nº 5, em 13 de
dezembro de 1968.
O
AI5, foi considerado o Golpe dentro do Golpe, pois por meio dele, o presidente
fechou o Congresso, a justiça foi amordaçada, já que não havia hábeas corpus e
muito menos julgamento para crimes políticos, a tortura foi institucionalizada
causando inúmeras mortes e desaparecimentos de pessoas.
A
juventude deixa de protestar pacificamente e vai para luta armada, assaltos a
banco e seqüestros de personalidades estrangeiras, forçando os generais a
negociar.
1969:
Costa e Silva vem a falecer, subindo ao poder Ernesto Garrastazu Médici, também
ligado a “linha dura”. Neste período o DOPS ( Departamento de Ordem Pública e
Social) e o Doi-Codi (Departamento de Operações Internas e Centro de Operações
de defesa Interna) prendem, torturam e matam qualquer pessoas que se opusesse
ao regime militar.
O
Milagre Econômico
Enquanto
a ditadura matava os dissidentes, o governo maquiava a economia. Nos anos de
1967-1974, a inflação ficou controlada e o PIB cresceu. Na verdade, o que se
fez foi aplicar recursos em obras públicas, muitas delas desnecessárias, tais
como: a Transamazônica, seria uma via expressa, que ligaria o extremo norte do
país ao Centro sul. Nunca foi concluída. A Hidrelétrica de Itaipu, que gera energia para o Paraguai ,
a Ponte Costa e Silva(Rio Niterói) e a Construção da Via Dutra, ligando o Rio à
SP. Essas obras foram financiadas pelo
capital estrangeiro, gerando uma imensa dívida externa.
A
partir de 1973, o milagre vai virando pesadelo, pois com a crise do Petróleo no
Oriente Médio, o milagre econômico brasileiro foi se transformando em pesadelo
nacional, pois o país não conseguia arcar com os custos de suas obras
faraônicas.
Da Ditadura à Abertura: 1974-1979
1974:
Nova eleição indireta elege o gen. Ernesto Geisel, este tinha um perfil
diferente dos antecessores era autoritário e centralizador, porém fazia parte
da ala moderada do exército.
Pretendia
avançar na redemocratização do país, e o primeiro passo foram as eleições
parlamentares diretas, aonde a oposição ganhou a maioria dos cargos.
1975:
o diretor da TV Cultura, Wladimir Herzog é assassinado sob tortura e alguns
meses depois o operário Manuel Fiel Filho tem o mesmo destino.
1976:
eleições municipais deram ampla vitória a oposição, o governo reagiu utilizando
mecanismos do AI5, fechou novamente o Congresso.
1977:
é editado o Pacote de Abril, pelas normas regras, as eleições de senadores
deveriam ser feitas pela Assembléia e não mais de forma direta. São os senadores biônicos.
1978:
é revogado o AI5, a partir de agora o Congresso não mais poderia ser fechado e
não podiam prender pessoas sem provas concretas. Neste ano no ABC paulista
estoura a greve dos metalúrgicos, que
não só paralisou o país como fez aparecer um novo líder político: Luís Inácio
Lula da Silva.
Inicia
a transição de abertura, lenta, gradual e segura.
Redemocratização:
1979-1985
1979:
novo presidente eleito,ainda de forma indireta, o gen. João Baptista de
Figueiredo conclui o processo de abertura concedendo a anistia aos presos e exilados políticos.
Retorna ao país políticos e intelectuais
expulsos pela ditadura, músicas peças teatrais e programas de tv sofrem menos
cortes dos censores.
1980:
inconformados com a abertura, a linha dura do exército tenta prejudicar o retorno a democracia. Um
atentado frustrado a bomba no Riocentro,
aonde ocorria um festival de música no feriado de 1º de maio. A bomba explodiu
antes do tempo matando o militar que a carregava. E outro atentado a OAB(Ordem
dos Advogados do Brasil) matou uma secretária.
1981/82/83:
marcados por grande recessão econômica, desemprego, dívidas com o FMI e
inflação galopante.
1984:
Seria hora de novas eleições, nas grandes capitais inicia o movimento pelas
diretas já, o deputado Dante de Oliveira enviou uma emenda ao Congresso que
previa eleições livres em 1984. Grandes comícios ocorreram em todo país, mas a
emenda foi derrotada no Congresso.
1985-1990:
nova eleição, ainda pelo Colégio eleitoral reunia Paulo Maluf apoiado pelos
militares e Tancredo Neves, apoiado pela esquerda. Tancredo vence as eleições,
porém morre antes de assumir o governo.
Toma
posse Jose Sarney, vice de Tancredo . Inicia-se a nova República.
Nos
próximos cinco anos, o Brasil viverá sua pior crise econômica, greves pipocam
no país inteiro. Sarney é um presidente frágil, pois não conta com o apoio dos
militares e muito menos do povo.