A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA
Início da Colonização
A partir de 1530, o comércio com as Índias começou a decair, pois retiravam
as especiarias e não as replantavam, o que gerou declino na produção. Por outro lado havia ameaça real de
invasão das terras brasileiras por franceses
e holandesas.
Por conta desses fatores a Coroa portuguesa resolveu ocupar
efetivamente o Brasil, com a clara intenção de povoá-lo mais sem gastar muito
dinheiro. O produto escolhido foi o
açúcar, pois tinha muita aceitação na Europa,
o solo e clima brasileiro eram propícios ao produto e Portugal já dominava a técnica implantada na Ilha da Madeira. Por
esses motivos o açúcar foi escolhido.
A forma de ocupação se deu através das Capitanias Hereditárias.
As Capitanias Hereditárias
Para atrair colonos, o
governo português passou a doar as terras no Brasil, porém o colono arcaria com
todos os custos para transformar um espaço de floresta, cheia de índios em um
lugar descente de se viver. Ao colono caberia a limpeza do terreno, a
edificação do engenho, a construção de fortes para combater os estrangeiros e
lidar com o aculturamento dos índios. Os documentos de entrega da terra
eram: a carta de doação, que oficializava a posse hereditária da terra e o
foral, que fixava os impostos a serem pagos pelos donatários. A tentativa
fracassou, pois nenhum nobre quis sair de
Portugal para se enfiar nesse fim de mundo, somente duas capitanias
deram certo: a de São Vicente e Pernambuco, ambas de Martim Afonso de Souza.
O Governo Geral
Como não deu certo a história de Capitanias Hereditárias, a Coroa portuguesa teve que lançar mão de um
governo e exército permanente por aqui, e a instituição utilizada será a dos
Governadores gerais, que vão governar com a ajuda do Capitão mor(Exército),
Provedor mor(impostos) e Ouvidor mor(justiça)
Os principais governadores são:
Tomé de Souza 1549-53
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Duarte da Costa 1533-58
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Mem de Sá 1558-72
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Impulsionou
a cultura açucareira.
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Introduziu
a Pecuária.
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Trouxe
funcionários públicos, militares, jesuítas, missionários e colonos.
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Incentiva
a entrada de negros vindo d’África para trabalhar na lavoura.
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Entra
em choque com os jesuítas, pois era claramente favorável a escravização
indígena, mesmo contra a vontade do rei.
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Sofreu
ataques sistemáticos dos índios e a aliança dos Tamoios e Caetés aos
franceses.
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Sofre
a invasão dos franceses, que aliados dos Tamoios e Caetés se fixam na Baía de
Guanabara, e fundam a França Antártica.
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Trouxe
novo impulso à colonização.
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Restabeleceu
a autoridade real na Colônia.
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Perseguiu
e dizimou os Tamoios e Caetés.
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Expulsou
os franceses da Baía de Guanabara.
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Fundou
a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1 de março de 1565.
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A economia açucareira
O açúcar da cana era
desconhecido na Europa, até então usava-se a casca da batata doce e da
beterraba para adoçar, por isso o açúcar
foi um grande sucesso na Europa, e se transformará numa mercadoria bastante cara, servindo até
mesmo de dote para casamentos.
Portugal detinha o monopólio da venda do produto, mas não dominava
a técnica de refino dependia dos holandeses para isso, e, portanto, era sujeito
aos preços impostos pelos holandeses, o que encarecia ainda mais o produto no
mercado europeu.
O Engenho
A unidade de produção do açúcar era o engenho, e este por sua vez
será a forma de organização social do período que se chamou Ciclo do Açúcar.
O engenho se dividia em:
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Lavoura:
terras aonde se plantava a cana de açúcar.
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Engenho:
onde se instalava a moenda, retirando o caldo, que era aquecido até se
transformar em melado, e depois transformado em
barras para serem levados para Holanda a fim de ser refinado. No engenho
se produzia também a cachaça e o mel de
uso doméstico.
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Casa
Grande: habitação de construção rústica
aonde moravam o senhor sua
família e alguns agregados.
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Senzala:
local insalubre aonde era confinado os
escravos. Não havia nenhum conforto, higiene ou privacidade.
A Sociedade Açucareira
Fortemente hierarquizada, estava centralizada na figura masculina,
aos homens brancos era dado todo poder de vida
ou morte a todos a sua volta.
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Senhor:
dono do engenho era o líder e detinha o poder sobre a esposa, filhos,
empregados e escravos.
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Senhora: esposa subjugada ao marido tinha como tarefa
cuidar da casa e dos filhos, muitas vezes analfabeta e extremamente cruel com
os escravos.
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Filhos:
educados de forma severa, obedeciam aos
pais e não tinham vontade própria. Os rapazes adquiriam espaço quando se tornavam adultos, as moças casavam-se com
os pretendentes arranjados pela família e repetiam o destino das mães.
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Homens
brancos pobres: na maioria das vezes eram
os capatazes com a incumbência de cuidar da escravaria. Muitas
vezes arrogantes e ignorantes
infernizavam a vida dos escravos. Alguns eram tropeiros que traziam e levavam
mercadorias para os engenhos.
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Escravos:
não tinham direito a nada nem mesmo a vida, não eram considerados seres
humanos, podiam ser vendidos, trocados, ameaçados e punidos por qualquer coisa.
Muitos sofreram castigos corporais que os levavam a morte.
A Escravidão Africana
A mão de obra utilizada na lavoura açucareira foi à africana, pois estava
perfeitamente adequada a necessidade política do mercantilismo, proporcionando
grandes lucros aos traficantes. O
trabalho escravo indígena não gerava a renda para o setor mercantil, pois o
elemento indígena estava na terra, não havendo assim, necessidade de
transportá-lo. O lucro tanto para Portugal como para os comerciantes estava
justamente neste transporte.
O tráfico de escravos para a colônia crescia na mesma medida que se expandia a
cultura da cana-de-açúcar. O Porto de Luanda, em Angola, se tornou o mais
importante ponto de embarque de negros neste período. Por este porto estima-se
ter passado pelo menos 1 milhão de escravos entre 1549 a 1680.
A viagem nos navios negreiros
eram um episodio a parte, pois os porões eram entulhados de escravos, que mal podiam respirar, sem
nenhuma higiene e má alimentação, mais da metade morria na travessia.
Quando chegavam aos portos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife
eram expostos como mercadorias, e ao
serem vendidos separavam pais de filhos,
esposas de maridos.
Expostos a todo tido de violência física, os africanos também
sofreram uma profunda violência
cultural, pois eram proibidos de usarem seus dialetos e processarem suas
crenças. Como forma de resistência à dominação, os africanos criaram o sincretismo religioso.
Este mecanismo visava usar as imagens dos santos católicos,
impostos pelos brancos, e associá-lo a um orixá africano. Desta forma podiam
continuar processando sua religião.
Violência e Resistência
Uma das formas de resistência à escravidão eram as fugas. Os negros
podiam fugir sozinhos ou em grupos. Quando saíam em grupos, a tendência era
formar quilombos. Os quilombos eram aldeias, localizadas em terrenos de difícil
acesso, aonde era reconstruído a forma de viva na África.
Outra forma bastante usada era o suicídio como forma de protesto,
já que esta prática causava prejuízo ao senhor. Havia também ataques aos
feitores, o mais comum era oriundo da capoeira,
forma de luta trazida pelos africanos que podia causar a morte.
Atividades Complementares na empresa açucareira
Não era permitido ao colono plantar outros produtos no engenho além
da cana, dentro da lógica do Pacto Colonial, aonde a colônia só pode produzir e
comercializar o que a metrópole determinar. Por esse motivo a colônia passava fome crônica. Os colonos deveriam
comprar tudo que necessitassem dos navios portugueses da Cia das Índias.
Normalmente os produtos eram caros e escassos. Porém, pela força da necessidade,
nos engenhos havia pequenas plantações para subsistência, planta-se: milho,
feijão, arroz, hortaliça e alguns legumes, havia também animais de terreiro
tais como: galinhas e porcos. Algumas vacas para o abastecimento de leite e
queijo, os bois e cavalos usados como animais de transporte .
A pecuária só será efetivamente
difundida quando o açúcar entrar em decadência.
O Avanço para o interior da Colônia
A partir de 1580, Portugal por questões sucessórias se unirá à
Espanha, formando assim a União Ibérica.
Com essa união o Tratado de Tordesilhas perderá seu valor, já que tecnicamente não havia mais divisão entre as
duas nações, com isso o avanço para o interior da colônia se fará de forma bem
mais fácil.
Duas formas bastantes
complexas vão facilitar esse avanço.
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Pecuária:
com o declínio da plantação de açúcar, a pecuária começará a se despontar,
principalmente no interior da colônia, já que o gado necessitava de espaço para
pastagem. Esse tipo de atividade só podia ser feito por homens livres, que com
o tempo vão se tornando proprietários de terras.
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Bandeirismo:
a necessidade de buscar metais preciosos nunca abandonou os colonos, e no
decorrer do ciclo do açúcar, algumas
expedições, que partiam principalmente
da capitania de São Paulo,aonde nem o solo e nem o clima ajudavam na
implantação de engenhos.
As expedições podiam ser organizadas de
duas formas:
Entradas: expedições financiadas pelo
governo para busca de metais, como não houve sucesso imediato, esses
financiamentos foram cancelados pelo governo.
Bandeiras: expedições organizadas e
financiadas por particulares, não buscavam apenas metais preciosos, mas também
o apressamento indígena, já que essa mão de obra era mais barata que a
africana. De contrato, que mediante a um contrato com fazendeiros ou
governantes, procuravam negros e índios fugidos e destruíam quilombos.
O bandeirismo foi responsável pelo massacre de nações inteiras de
indígenas, além de entrarem em choque com os jesuítas, pois atavam as missões
na busca por índios aculturados.